Artigo de Aluízio Marino e Raquel Rolnik coleta dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo e demonstra a ineficiência da política adotada pela Prefeitura na Cracolândia desde a dispersão dos usuários do entorno da Praça Princesa Isabel em maio de 2023.
As cenas de uso e o número de frequentadores não diminuiu, ao contrário do que defendiam gestores e delegados responsáveis. Os números correspondem a uma média semanal de pessoas presentes nos fluxos obtida, segundo a metodologia informada pela SSP, a partir de imagens de drone do Programa Dronepol e contagens realizadas em campo pela Guarda Civil Metropolitana (GCM), Polícia Militar (PM) e Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Ao longo destes três meses, em que os dados estão disponíveis, verificaram que o número de frequentadores se mantém, mesmo com o aumento significativo do aparato policial e repressivo no território.
O artigo traz dois mapas, um com a localização das cenas abertas de uso entre 26 de junho de 02 de julho de 2023 e o segundo com ocorrências de roubo a transeuntes entre os 26 de junho de 02 de julho de 2023.
O modo como as informações são disponibilizadas estabelecem uma associação direta entre as ocorrências de crimes e a presença das cenas de uso. Entretanto, não é possível associar essas duas dinâmicas apenas com as informações disponibilizadas pela SSP. Essa narrativa não é nova: a própria escolha do nome por si só, a “Cracolândia”, define o território como lugar da droga e do tráfico, dominado pelo crime – o que justificaria ali a prática de uma política de exceção.
O mapa divulgado ganhou grande repercussão e gerou respostas imediatas da prefeitura, que logo tratou de deslegitimar o levantamento realizado, afirmando que a dispersão demonstraria, em médio prazo, ser uma escolha correta. Contradizendo os especialistas em saúde mental e política de drogas, a justificativa apresentada era de que a dispersão facilitaria o atendimento e o cuidado aos usuários, já que as abordagens seriam realizadas em grupos menores.
Ao invés de solucionar ou mediar os conflitos existentes, a dispersão apenas justifica a ampliação de uma verdadeira guerra urbana. Sabe-se que a violência nunca acabou com cracolândia e não será diferente agora. Manter essa estratégia serve apenas à especulação, manutenção de aparatos de controle – como encarceramento e internação compulsória -, destruição do patrimônio e despossessão de famílias e pequenos comerciantes.
Leia o artigo completo e acesse os mapas aqui: https://www.labcidade.fau.usp.br/dados-da-seguranca-publica-demonstram-o-fracasso-da-politica-em-curso-na-cracolandia/
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